Autor: Manuel Alberto Vieira
Neste Caderno de Mentiras estão
compilados alguns contos de uma originalidade bastante singular e nos quais,
jogando sempre na fronteira da verosimilhança, se explora e se revela um estilo
penetrante, contundente e mordaz, bastante próximo de um estilo típico de
alguns autores de leste, e que insere a obra na genuína matriz europeia.
«O despertador toca. Impulsionado por um
arrepio quente, começa a contar os segundos, de forma decrescente — parecia-lhe
lógico que assim fosse. Durante todo aquele tempo que passara no quarto,
especializara-se na contagem dos segundos — seria uma competência essencial ao
seu plano.
Na sua
mente não há espaço para mais nada, apenas ressoa um tiquetaque preciso.
Algures num número, morreria, e queria morrer com uma consciência estritamente
numérica.»
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