10 Perguntas ao Diretor da Chiado Editora, Gonçalo Martins
Fonte: tocaafalardisso.blogspot.pt
Por: Emanuel Lomelino
1 - Enquanto editor, como vê o panorama literário nacional, tendo em
consideração o rácio autor / número de leitores?
Apesar do péssimismo vigente em quase todas as àreas
da vida económica e cultural portuguesa, é um facto que existem cada vez mais
Autores e nunca se leu tanto como agora! Este fenómeno tem de ser visto à luz
de uma prespectiva multi-plataforma, isto é: Livros, redes sociais, blogues,
e-books, etc...
Enquanto editor, é fundamental perceber que os
principais actores deste paradigma são os Autores e os Leitores,
independentemente do rácio que cada um representa. No entanto, para vários dos
actores secundários, entre os quais os editores, especialmente numa altura de
rápidos avanços culturais e tecnológicos, existem enormes riscos mas também
enormes oportunidades.
2 - Sabendo de antemão que qualidade é um conceito abstrato e demasiado
lato, que características deve ter uma obra para preencher os requisitos
exigidos pela vossa linha editorial?
Para ser publicada pela Chiado Editora uma obra tem de
ter interesse para os leitores, ainda que seja apenas um nicho, e ser viável
financeiramente. Estamos no mercado para fazer a diferença, publicando livros
que as pessoas gostem, e tornando a vida dos leitores melhor.
3 – Em percentagem, a Chiado Editora publica mais autores que a procuram ou
autores que aborda? Porquê?
95% das publicações da Chiado Editora são de Autores
que, em primeira instância, nos apresentam originais. Isto acontecee porque nos
são apresentados mensalmente cerca de 600 projectos editoriais, enquanto nós,
enquanto editores, convidamos mensalmente uns 3 ou 4 Autores a publicar
connosco.
4 - Quais as razões principais para que a generalidade dos autores tenha
encargos tão elevados na edição das obras?
Apenas posso falar pela Chiado Editora. No nosso caso,
e apesar das largas dezenas de obras que publicamos mensalmente, cada obra é
uma obra, e as condições de publicação são discutidas caso a caso. O objectivo
é sempre que, no final, Autor, Leitores e editora fiquem satisfeitos.
5 - Entre as editoras que mais publicam autores desconhecidos e primeiras
obras, a Chiado Editora é aquela que, à primeira vista, tem uma estrutura
maior. De que forma esse aspecto a beneficia em relação às outras?
A Chiado Editora não tem parado de crescer e a
estrutura tem acompanhado essa tendência. A nossa estrutura actual, de cerca de
50 pessoas no total, entre editores, marketeers, logística, organizadores de
eventos, designers, paginadores, revisores, etc... é aquela que consideramos
adequada neste momento para fazermos um excelente trabalho com cada um dos
livros que editamos, e mantermos o espírito aberto para a inovação constante.
6 - As editoras mais pequenas, ou dito de outra forma, as editoras que não
têm atrás de si os grandes grupos editoriais, não teriam a ganhar se unissem
esforços entre si? Essa interacção não as beneficiaria?
Sem dúvida! No início deste trajecto contactei com
inúmeras editoras para realizarmos sinergias vantajosas para ambos em áreas
como a impressão, distribuição, etc... Obtive poucas respostas e as que obtive
foram negativas ou inconclusivas. Existe uma enorme vontade de defender o pouco
que se tem, em lugar de pensar a edição de forma empresarial, com riscos e
oportunidades.
7 - Qual o conselho que dá aos seus colegas editores no sentido de um
crescimento semelhante ao vosso?
Tenho 33 anos, ainda estou no início, não me vejo no
direito de dar conselhos a ninguém.
8 - Nos 4 anos de existência, a Chiado Editora cresceu ao ponto de ter
entrado em vários mercados internacionais. Quais as vantagens que daí advêm
para os autores portugueses?
As vantagens são imensas. Desde logo, porque todos os
livros publicados em Português, sejam de Autores portugueses ou brasileiros,
que vendam 3.000 exemplares em Portugal e/ou no Brasil, independentemente do
género ou do Autor, recebem um significativo investimento da Chiado Editora que
os traduz para Espanhol e Inglês e os publica pelas respectivas chancelas da
Chiado nesses países: Chiado Editorial (Espanha) e Chiado Publishing (Reino
Unido, Irlanda e Estados Unidos).
9 – Este ano teremos o volume IV da Antologia ENTRE O SONO E O SONHO. Isso
significa que esta obra tem sido mesmo representativa do que melhor se escreve
em português ou passou a ser uma imagem de marca da editora?
Ambas as permisas são verdadeiras! A antologia foi um
projecto em que me envolvi pessoalmente. A obra é cada vez mais democrática,
cada vez mais abrangente, têm sido publicados na mesma poetas fantásticos,
alguns pela primeira vez. Por outro lado, é o próprio público e são os Autores
que ano após ano soliticam um novo volume da obra.
10 – Quais os vossos objectivos para o futuro próximo e que podem os
autores portugueses esperar da Chiado Editora?
Somos a Editora que mais livros
publica em Portugal, queremos crescer até ser a Editora que mais livros vende.
Ainda suma, e sem falsa modéstia, queremos, em 5 anos, ser a maior editora em
Portugal. Nos mercados internacionais querermos ser uma editora com uma palavra
importante, creio que somos já a única editora do mundo a públicar em 15 países
e 5 línguas diferentes. Os Autores podem esperar uma editora sólida, arrojada,
e, terminando como comecei, que sabe que o Autor e o Leitor são as peças mais
importantes do meio literário.
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