quarta-feira, 27 de março de 2013

Entrevista ao editor Gonçalo Martins



10 Perguntas ao Diretor da Chiado Editora, Gonçalo Martins
Por: Emanuel Lomelino

1 - Enquanto editor, como vê o panorama literário nacional, tendo em consideração o rácio autor / número de leitores?
Apesar do péssimismo vigente em quase todas as àreas da vida económica e cultural portuguesa, é um facto que existem cada vez mais Autores e nunca se leu tanto como agora! Este fenómeno tem de ser visto à luz de uma prespectiva multi-plataforma, isto é: Livros, redes sociais, blogues, e-books, etc...
Enquanto editor, é fundamental perceber que os principais actores deste paradigma são os Autores e os Leitores, independentemente do rácio que cada um representa. No entanto, para vários dos actores secundários, entre os quais os editores, especialmente numa altura de rápidos avanços culturais e tecnológicos, existem enormes riscos mas também enormes oportunidades.
2 - Sabendo de antemão que qualidade é um conceito abstrato e demasiado lato, que características deve ter uma obra para preencher os requisitos exigidos pela vossa linha editorial?
Para ser publicada pela Chiado Editora uma obra tem de ter interesse para os leitores, ainda que seja apenas um nicho, e ser viável financeiramente. Estamos no mercado para fazer a diferença, publicando livros que as pessoas gostem, e tornando a vida dos leitores melhor.
3 – Em percentagem, a Chiado Editora publica mais autores que a procuram ou autores que aborda? Porquê?
95% das publicações da Chiado Editora são de Autores que, em primeira instância, nos apresentam originais. Isto acontecee porque nos são apresentados mensalmente cerca de 600 projectos editoriais, enquanto nós, enquanto editores, convidamos mensalmente uns 3 ou 4 Autores a publicar connosco.
4 - Quais as razões principais para que a generalidade dos autores tenha encargos tão elevados na edição das obras?
Apenas posso falar pela Chiado Editora. No nosso caso, e apesar das largas dezenas de obras que publicamos mensalmente, cada obra é uma obra, e as condições de publicação são discutidas caso a caso. O objectivo é sempre que, no final, Autor, Leitores e editora fiquem satisfeitos.
5 - Entre as editoras que mais publicam autores desconhecidos e primeiras obras, a Chiado Editora é aquela que, à primeira vista, tem uma estrutura maior. De que forma esse aspecto a beneficia em relação às outras?
A Chiado Editora não tem parado de crescer e a estrutura tem acompanhado essa tendência. A nossa estrutura actual, de cerca de 50 pessoas no total, entre editores, marketeers, logística, organizadores de eventos, designers, paginadores, revisores, etc... é aquela que consideramos adequada neste momento para fazermos um excelente trabalho com cada um dos livros que editamos, e mantermos o espírito aberto para a inovação constante.
6 - As editoras mais pequenas, ou dito de outra forma, as editoras que não têm atrás de si os grandes grupos editoriais, não teriam a ganhar se unissem esforços entre si? Essa interacção não as beneficiaria?
Sem dúvida! No início deste trajecto contactei com inúmeras editoras para realizarmos sinergias vantajosas para ambos em áreas como a impressão, distribuição, etc... Obtive poucas respostas e as que obtive foram negativas ou inconclusivas. Existe uma enorme vontade de defender o pouco que se tem, em lugar de pensar a edição de forma empresarial, com riscos e oportunidades. 
7 - Qual o conselho que dá aos seus colegas editores no sentido de um crescimento semelhante ao vosso?
Tenho 33 anos, ainda estou no início, não me vejo no direito de dar conselhos a ninguém.
8 - Nos 4 anos de existência, a Chiado Editora cresceu ao ponto de ter entrado em vários mercados internacionais. Quais as vantagens que daí advêm para os autores portugueses?
As vantagens são imensas. Desde logo, porque todos os livros publicados em Português, sejam de Autores portugueses ou brasileiros, que vendam 3.000 exemplares em Portugal e/ou no Brasil, independentemente do género ou do Autor, recebem um significativo investimento da Chiado Editora que os traduz para Espanhol e Inglês e os publica pelas respectivas chancelas da Chiado nesses países: Chiado Editorial (Espanha) e Chiado Publishing (Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos).
9 – Este ano teremos o volume IV da Antologia ENTRE O SONO E O SONHO. Isso significa que esta obra tem sido mesmo representativa do que melhor se escreve em português ou passou a ser uma imagem de marca da editora?
Ambas as permisas são verdadeiras! A antologia foi um projecto em que me envolvi pessoalmente. A obra é cada vez mais democrática, cada vez mais abrangente, têm sido publicados na mesma poetas fantásticos, alguns pela primeira vez. Por outro lado, é o próprio público e são os Autores que ano após ano soliticam um novo volume da obra.
10 – Quais os vossos objectivos para o futuro próximo e que podem os autores portugueses esperar da Chiado Editora? 
Somos a Editora que mais livros publica em Portugal, queremos crescer até ser a Editora que mais livros vende. Ainda suma, e sem falsa modéstia, queremos, em 5 anos, ser a maior editora em Portugal. Nos mercados internacionais querermos ser uma editora com uma palavra importante, creio que somos já a única editora do mundo a públicar em 15 países e 5 línguas diferentes. Os Autores podem esperar uma editora sólida, arrojada, e, terminando como comecei, que sabe que o Autor e o Leitor são as peças mais importantes do meio literário.

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