Preciso de um Deus com rosto.
Cansei-me desta solidão onde
as lágrimas são breves e trespassáveis.
Preciso das inclinações.
[dos ângulos perfeitos que não tenho]
que me sustenham a dor, que ma retenham
no sopé de todas as perguntas. Qual magma
de um desespero a precisar de soluções.
Preciso de gestos, não de orações.
Preciso que me decomponham o sofrimento
com os dedos.
[Com os dedos que não tenho].
Preciso de um Deus com mãos.
Cansei-me destas lágrimas onde estar só
é um caos de imprecisões.
In "Relevos", de Virgínia do Carmo
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